quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Como ler o Boletim da Prova Brasil

Como ler o Boletim da Prova Brasil

boletim da Prova Brasil 2013 já pode ser baixado diretamente do site oficial do Inep. Uma boa leitura do boletim pode revelar pedagogicamente qual o aprendizado dos alunos e ainda permitir que a escola faça comparações adequadas a fim de compreender melhor sua situação dentro do município, estado e do país.

Para auxiliá-lo, o portal QEdu.org.br preparou este especial que o guiará na leitura do boletim.

Visão Geral do Boletim

O boletim é composto de 4 partes:
  • Visão geral do contexto da escola;
  • Percentual de alunos em cada um dos níveis e descrição pedagógica do nível;
  • Comparação dos níveis de aprendizado com escolas semelhantes, município, estado e país;
  • Comparação das médias na Prova Brasil;

Visão Geral do Contexto da Escola

A primeira página do documento apresenta informações gerais sobre a escola e a sua particpação na Prova Brasil. A primeira informação, nível socieconomico, posiciona a escola em um dos 7 grupos criados pelo Inep, em que quanto maior o número do grupo maior o nível socieconomico da escola. Esta informação é essencial para que as as escolas avalie o desempenho de outras do mesmo grupo, o que deixar a comparação mais justa

Ao lado, também é apresentado o índice de formação dos professores, que corresponde ao percentual de docentes com formação superior adequada à sua posição.

Logo abaixo, em amarelo, mostra-se quantos alunos realizaram a prova e quanto eles representam do total de matriculados na série avaliada. Quanto maior a taxa de participação, maior a representatividade dos dados obtidos.

Percentual de alunos em cada um dos níveis de aprendizado

Esta parte é o coração do boletim e irá dizer o percentual de alunos que se enquadra em cada um dos níveis de aprendizado estipulados.

Assim, é possível ter uma dimensão do que os alunos estão aprendendo de fato. Vamos para um exemplo de leitura em português, 5º ano.


Neste exemplo, 18% dos alunos estão no nível dois de aprendizado, o que significa que é alta a probabilidade de conseguirem realizar atividades do nível 1 e 2, porém, provavelmente não conseguiriam acertar itens com habilidades dos níveis 3, 4, 5 e 6.

Comparação dos níveis de aprendizado com escolas semelhantes, município, estado e país

Além de conhecer a informação sobre o aprendizado dos alunos da escola, também é possível comparar este resultado. O Boletim permite quatro comparações:
  • Escolas similares: São as escolas do mesmo grupo socioeconômico e de mesma microregião, conforme vimos na primeira página do boletim. Esta é a principal comparação recomendada pelo Inep;
  • Município: Compara com todas as escolas do município;
  • Estado: Compara com todas as escolas do estado;
  • Brasil: Compara com todas as escolas do país;
Seguindo no nosso exemplo, podemos observar que no nível 2 existe um número maior de alunos na escola analisada do que nas escolas semelhantes.


Nesta etapa, é importante que a escola consiga visualizar onde desejaria que seus alunos estivessem. Para português, 5º ano, o QEdu usa como referência de aprendizado adequado os alunos a partir do nível 4. Assim, é possível identificar a proporção de alunos estão com aprendizado adequado na escola e fazer uma comparação mais coerente, veja na imagem abaixo:
Neste exemplo, conseguimos observar que a escola em análise está muito próxima, em termos de aprendizado adequado das escolas similares. O mesmo tipo de análise pode ser feito para Brasil, estado e município.

Comparação das médias na Prova Brasil

As médias na Prova Brasil também podem ser usadas para comparações. Ressaltamos apenas, que as médias podem esconder desigualdades, fato que não ocorre quando fazemos a leitura de alunos em cada nível de aprendizado.

Conclusão

A Prova Brasil oferece dados riquíssimos sobre o aprendizado, mas para que tenha um uso efetivo é necessário que ocorra uma apropriação pedagógica por parte da escola, compreendendo a necessidade de avançar com os alunos nos níveis, e da parte das equipes de gestão, de realizarem comparações adequadas, usando principalmente, as escolas semelhantes.

Disponível em: http://www.qedu.org.br/ajuda/artigo/468030

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Mais de 60% dos alunos do 4º ano não dominam leitura e matemática

Mais de 60% dos alunos do 4º ano não dominam leitura e matemática

Marcelle Souza
Do UOL, em Brasília
Os dados do Terce (Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo), divulgados nesta quinta-feira (4) pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), mostram que mais da metade dos alunos brasileiros do 4º ano do ensino fundamental não dominam habilidades de leitura e matemática.
De acordo com o estudo, 64,26% dos alunos brasileiros não alcançaram o desempenho bom ou ótimo na avaliação em leitura. Desses, 2,60% tiveram resultados muito ruins, 17,19%, ruins e 44,47% ficaram no nível regular. No nível de excelência, 31,21% foram bem na avaliação e só 4,53% atingiram as maiores notas da avaliação.
Em matemática, 61,4% obtiveram notas entre os níveis muito baixo e regular, enquanto 38,61% conseguiram atingir um desempenho bom ou ótimo.

Melhores notas

No 7º ano do ensino fundamental, os resultados foram melhores do que no 4º ano. Nessa etapa, a maioria dos alunos brasileiros teve um desempenho considerado bom ou ótimo. Nessa faixa estão 51,7% dos estudantes que fizeram a prova de matemática e 53,05% dos avaliados em leitura.
O Terce avaliou também os alunos em ciências. Nessa matéria, 14,20% dos estudantes brasileiros tiveram desempenho considerado bom e só 1,46% apresentaram resultados excelentes. Na outra ponta, 5,20% tiraram notas muito ruins, 34,45% tiveram desempenho ruim e 44,69%, regular.
"Esses dados são amostrais, mas são compatíveis aos resultados de outras avaliações que já fizemos, como a Prova Brasil", disse o presidente do Inep, Francisco Soares. "Sabemos que uma parte dos alunos ainda não está no nível que gostaríamos, bom e ótimo, mas estamos no caminho para mudar isso, com o novo PNE (Plano Nacional da Educação)", afirmou.
O Terce avaliou 134 mil estudantes de mais de 3.200 escolas da América Latina e Caribe. Participaram da avaliação 15 países da região (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai) e o Estado mexicano de Nuevo León
Leia mais em: http://zip.net/bfqmvN

Disponível em: http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/educacao/2014/12/04/mais-de-60-dos-alunos-do-4-ano-nao-dominam-leitura-e-matematica.htm 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Valores


Aprovação, Reprovação, Abandono, Evasão escolar e Distorção Idade-Série

Aprovação, Reprovação, Abandono, Evasão escolar e Distorção Idade-Série

A escola pública é um dos lugares sociais em que ocorre a apropriação de saberes construídos, sistematizados e acumulados pela humanidade, a partir de uma proposta de formação humana. A presença de alunos no ambiente escolar, durante a trajetória de escolarização, pressupõe que eles desenvolvam suas capacidades intelectuais, que aprendam a se socializar com os pares de maneira afetiva, ética, e que se tornem sujeitos autônomos e críticos. 

Taxas de Rendimento

Quando frequenta a escola, no percurso de um ano letivo, cada aluno é exposto a processos de ensino e aprendizagem, a partir de um conjunto de objetivos e atividades pedagógicas que são avaliadas na dinâmica da sala de aula. Ao participar deste processo, ao final do ano, ele pode ser aprovado ou reprovado, de acordo com objetivos de aprendizagem que podem ou não ter sido desenvolvidos. Além destas duas situações, por motivos distintos, o aluno pode abandonar a escola.
A soma da quantidade de alunos aprovados, reprovados e que abandonaram a escola ao final de um ano em curso, geram as taxas de rendimento escolar de cada instituição. A compreensão dos indicadores destas taxas é importante porque se relacionam diretamente a outros dois conceitos – a “evasão escolar” e a “distorção idade-série”. 

Evasão Escolar

Entende-se por evasão escolar a situação do aluno que abandou a escola ou reprovou em determinado ano letivo, e que no ano seguinte não efetuou a matrícula para dar continuidade aos estudos. 
Neste contexto, a evasão, o abandono e a reprovação podem gerar outro desafio para a instituição escolar: minimizar as taxas de distorção idade-série. 

Distorção Idade-Série

No Brasil, a criança deve ingressar no primeiro ano do ensino fundamental aos 6 anos de idade, permanecendo na escola até o nono ano, com a expectativa de que conclua os estudos nesta modalidade até os 14 anos de idade.
Quando o aluno reprova ou abandona os estudos por dois anos ou mais, durante a trajetória de escolarização, ele acaba repetindo uma mesma série. Nesta situação, ele dá continuidade aos estudos, mas com defasem em relação à idade considerada adequada para cada ano de estudo, de acordo com o que propõe a legislação educacional do país. Trata-se de um aluno que será contabilizado na situação de distorção idade-série. 

REFERÊNCIAS CONSULTADAS

FARIA, E. M. Os alunos reprovados no Brasil: uma análise das proficiências e das taxas de abandono por meio das avaliações Prova Brasil e Pisa. In: Estudando Educação – Portal de Estudos e Pesquisas em Educação. Abril, 2011. Online. Disponível em:http://estudandoeducacao.files.wordpress.com/2011/03/estudando-nc2ba-1-versc3a3o-finalv2.pdf
___________. Lições em educação: Parte I – Pré-escola e fluxo escolar adequado. In: Estudando Educação – Portal de Estudos e Pesquisas em Educação. Abril, 2011. Online. Disponível em:  http://estudandoeducacao.files.wordpress.com/2011/03/estudando-nc2ba-02-versc3a3o-final1.pdf
MENEZES-FILHO, N et al. Avaliando o Impacto da Progressão Continuada nas Taxas de Rendimento e Desempenho Escolar do Brasil. 2008. Disponível emhttp://www.fundacaoitausocial.org.br/_arquivosestaticos/FIS/pdf/10_-_relatorio_de_avaliacao_progressao_continuada_-_atualizado.pdf
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB
http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf
Nota técnica INEP – Taxa de distorção idade-série
http://dados.gov.br/dataset/taxas-de-distorcao-idade-serie-escolar-na-educacao-basica
fonte: http://www.qedu.org.br/ajuda/conceitos/sobre 

Progressão continuada e o direito à educação

Progressão continuada e o direito à educação
O acesso a uma educação de qualidade é um direito constitucional e também dever do Estado. A aprendizagem do aluno e sua progressão nos estudos é o objetivo da educação escolar, mas para que ela ocorra deve se levar em conta o tempo de aprendizagem. 
Para assegurar este tempo, a escola, a partir de orientações das redes e sistemas de ensino públicos e de leis educacionais, locais e nacionais, pode se organizar por ciclos, grupos não-seriados, séries anuais, grupos multiseriados, progressão continuada, entre outros, “com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar” (LDB 9304/1996, art.23.).
Progressão Continuada e Ciclos de Aprendizagem
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira, a progressão continuada é uma das formas de garantir o acesso e a permanência do aluno à escola, possibilitando o combate à evasão escolar, à distorção idade-série e a prevenção da repetência. Entre estas formas de organização escolar, ela vem sendo adotada como prática nas redes de educação de estados e municípios.
Uma de suas características é a organização do ensino por ciclos de aprendizagem, que pressupõem a não-reprovação ou repetência do aluno por um período que pode variar entre dois e quatro anos. Nesse contexto, ele vai passando automaticamente pelos anos escolares, sendo avaliado ao final de cada ciclo. 
Para que se efetive, a progressão continuada assume diferentes formatos: desde a organização de turmas de aceleração, compostas por grupos de alunos que não conseguem acompanhar o ritmo de uma turma regular, pois apresentam necessidades de aprendizagem específicas ou turmas de apoio pedagógico, que geralmente funcionam no contra turno escolar, onde alunos são expostos a atividades que trabalham conteúdos pontuais; há também a possibilidade de organização de projetos de ensino, de recuperação periódica ou paralela, etc.
Interpretações da Progressão Continuada
Esta diversidade de interpretação tem causado bastante polêmica em cotidianos escolares, e entre as opiniões de profissionais e especialistas em educação, que se manifestam contra ou a favor desta progressão. Entre os discursos que se cristalizam no espaço escolar, há aqueles que acreditam nesta prática, ao entenderem que a reprovação e a repetência podem desestimular o aluno, quando ele convive com pares de idade diferente e não segue os estudos com seus amigos, potencializando as chances de abandono e evasão escolar. 
Há também aqueles que não acreditam na progressão continuada, pois afirmam que a maneira como se efetiva nas instituições acabam atropelando o processo de aprendizagem do aluno, aprovando-o automaticamente sem a garantia de que esteja de fato aprendendo.
Considerações Finais
Entretanto, este tipo de organização do ensino é uma prática recente, que precisa ser adequada a cada realidade, a partir da autonomia das redes de educação e da própria escola.
Para saber mais sobre o assunto, acesse as referências consultadas para a elaboração deste material.
REFERÊNCIAS CONSULTADAS
FARIA, E. M. Os alunos reprovados no Brasil: uma análise das proficiências e das taxas de abandono por meio das avaliações Prova Brasil e Pisa. In: Estudando Educação – Portal de Estudos e Pesquisas em Educação. Abril, 2011. Online. Disponível em:http://estudandoeducacao.files.wordpress.com/2011/03/estudando-nc2ba-1-versc3a3o-finalv2.pdf
___________. Lições em educação: Parte I – Pré-escola e fluxo escolar adequado. In: Estudando Educação – Portal de Estudos e Pesquisas em Educação. Abril, 2011. Online. Disponível em: http://estudandoeducacao.files.wordpress.com/2011/03/estudando-nc2ba-02-versc3a3o-final1.pdf
MENEZES-FILHO, N et al. Avaliando o Impacto da Progressão Continuada nas Taxas de Rendimento e Desempenho Escolar do Brasil. 2008. Disponível emhttp://www.fundacaoitausocial.org.br/_arquivosestaticos/FIS/pdf/10_-_relatorio_de_avaliacao_progressao_continuada_-_atualizado.pdf
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB
http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf
Nota técnica INEP – Taxa de distorção idade-série
http://dados.gov.br/dataset/taxas-de-distorcao-idade-serie-escolar-na-educacao-basica

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Os quatro amigos (A.M.O.R.)

O texto abaixo foi fruto da criatividade da professora Anaísa, da Escola Antonio Dias Barreto, localizada na zona rural do município de Nazaré/Ba, Fazenda Tapera, sob a coordenação da professora Lúcia Gonzaga, classe multisseriada, em virtude da execução do Projeto Construindo Valores, da Secretaria Municipal de de Educação de Nazaré, no ano de 2013.
Numa proposta de participação de toda a turma, foram feitas plaquinhas com as letras e as palavras e os alunos iam entrando a medida em que a história is sendo contada. Ao final, com a entrada de todos os participantes, foi entoada uma canção que falava de amor.
Muito lindo e expressivo!

Era uma vez quatro amigos que moravam na floresta em uma casinha. Numa manhã, os quatro amigos chamados A, M, O, R, resolveram fazer uma viagem em busca do Castelo Mágico. Ao iniciar a viagem foi logo encontrando a COOPERAÇÃO que de imediato foi perguntando:
- Vocês encontraram a RESPONSABILIDADE por aí?
E eles responderam:
- Sim, nós encontramos também a GRATIDÃO que estava com pisca pisca a procura do seu sapatinho que havia perdido dias atrás.
Os amigos despediram-se e seguiram a viagem. Mais adiante encontraram o RESPEITO que desejava encontrar a PAZ. Então eles o convidaram para acompanhá-los até a cidade chamada ESPERANÇA, pois acreditavam que lá conseguiria encontrar o que procurava.
Um pouco distante dali encontraram a PAZ e ficaram bastante alegres. Já estava anoitecendo quando os quatro amigos seguiram viagem em busca de realizar os seus sonhos de chegar ao Castelo Mágico. De repente encontraram-se com a LIBERDADE e a JUSTIÇA que voltavam do bosque. Nesse momento foram surpreendidos por uma voz que vinha do lato e dizia:
- Pode seguir tranquilo que vou na frente retirando todo mau e perigo que houver no caminho. Sempre ajudo quem tem CORAGEM porque sou o anjo da GENEROSIDADE.
E todos responderam obrigado.
Continuando a viagem, sempre atentos a tudo, andavam de mãos dadas com a UNIÃO e perseveraram sempre na AMIZADE.
Já estava amanhecendo quando encontraram o BOM HUMOR e a DISCIPLINA que desejaram acompanhar o grupo até o Castelo Mágico. Naquele momento, avistaram o castelo e quando se aproximaram, foram recebidos pelos soldados. Assim o grupo pode comemorar a sua vitória com muito AMOR junto de todos os companheiros que foi encontrando pelo caminho.
E eles viveram felizes para sempre!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Páscoa - celebração a Cristo, o Filho de Deus

Páscoa Cristã

Para os cristãos, a Páscoa tem o propósito de relembrar a salvação em Cristo através da morte e ressurreição de Jesus.

s descendentes de Abraão, Isaque e Jacó passaram mais de quatrocentos anos escravizados no Egito, assim, Deus decidiu libertá-los dessa escravidão. Moisés foi o escolhido por Deus para libertar o povo, sendo, então, o líder do êxodo.

Moisés, atendendo ao chamado de Deus, foi ter com Faraó, transmitindo-lhe a mensagem divina: “Deixa ir meu povo para que me sirva”. A fim de provar a Faraó a vontade divina, Moisés invocou pragas contra o Egito. As pragas começaram a ser lançadas, mas assim que se cessavam Faraó continuava a pecar, mantendo-se contra a vontade de Deus. Assim, a décima e última praga fora lançada - Deus enviou um anjo destruidor através da terra do Egito a fim de ceifar a vida de todo primogênito: “E eu passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo primogênito na terra do Egito, desde homens até aos animais; e sobre todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR.” (Ex. 12.12).

Contudo, como os israelitas também habitavam no Egito, o Senhor Deus enviou uma ordem ao seu povo. Cada família deveria tomar um cordeiro macho de um ano de idade, sem defeito, e sacrificá-lo ao entardecer do dia quatorze do mês de Abibe; as famílias menores poderiam dividir um único cordeiro. Parte do sangue do cordeiro sacrificado deveria ser passada nas ombreiras e na verga da porta de cada casa. Assim, o anjo, ao passar por aquela terra, passaria por cima daquelas casas que tivessem o sangue sobre elas – daí o termo Páscoa, do hebreu pesah, que significa “pular além da marca”, “passar por cima” ou “poupar”. Assim, os israelitas foram protegidos da morte, através do sangue do cordeiro morto. É importante ressaltar que Deus ordenou o sinal de sangue não porque Ele não era capaz de identificar seu povo, mas porque queria ensinar a eles sobre a importância da obediência e da redenção pelo sangue, preparando-os para o advento do “Cordeiro de Deus”, que séculos mais tarde tiraria o pecado do mundo (“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” Jo 1,29b).

Naquela noite os israelitas deveriam estar preparados para viajar. Eles deveriam assar o cordeiro, preparar ervas amargas e pães sem fermento (na Bíblia, o fermento simboliza, normalmente, o pecado e a corrupção; esses pães asmos simbolizavam a separação entre os israelitas redimidos e o Egito). O povo deveria estar pronto para a refeição ordenada ao anoitecer, a fim de partir apressadamente. Assim se fez, tal como o Senhor dissera.

O povo de Deus, a partir desse momento da história, passou a celebrar a Páscoa em toda primavera, já que as instruções divinas relatavam ser essa celebração um “estatuto perpétuo”, conforme o livro de Exôdo 12.14: “E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.” Assim, em cada páscoa, os israelitas, juntamente com suas famílias, sacrificavam um cordeiro, retiravam de suas casas todo fermento e comiam ervas amargas e contavam a história de seus ancestrais, de como viveram o êxodo na terra do Egito e a libertação da escravidão ao Faraó – era dever dos pais usar a Páscoa para ensinarem aos filhos a verdade sobre a redenção da escravidão e do pecado, que Deus efetuara em seu favor e que através disso fez deles um povo especial sob seus cuidados.

Nos tempos do Novo Testamento, os judeus (israelitas) observavam a Páscoa da mesma maneira. Jesus, aos doze anos de idade, foi levado a Jerusalém por seus pais para a celebração da Páscoa (Lc 2.41-50), posteriormente, Jesus participou dessa celebração em Jerusalém a cada ano. A última ceia de que Jesus participou com seus discípulos em Jerusalém, pouco antes da cruz, foi a refeição da Páscoa.

Para os cristãos, a Páscoa tem o propósito de lembrar a salvação em Cristo e da redenção do pecado e da escravidão a Satanás, pois Jesus foi crucificado na Páscoa, como cordeiro pascoal (1 Co 5.7), que liberta do pecado e da morte todos aqueles que nEle creem.


Bíblia de Estudo Pentecostal – Antigo e Novo Testamento, Flórida - EUA: Life Publishers, 1995.

disponível em: http://www.brasilescola.com/pascoa/pascoa-crista.htm acesso em 14/04/2014

 

Feira de Caxixis 2014

HISTÓRIA

Extraído do livro Guia Histórico da Cidade de Nazaré - 2ª Edição Revista e ampliada.
de Abinael Moraes Leal

A Feira dos Caxixis é uma feira de cerâmica – popular, onde se vende variedade de louça-de-barro. Realiza-se todos os anos na histórica cidade de Nazaré, no Recôncavo Sul , durante a Semana Santa.
A tradição da existência da Feira dos Caxixis, perdeu-se no tempo e ninguém sabe quando começou. Segundo a opinião de muitos (entre os quais está o saudoso Anísio Melhor), data presumivelmente de quase trezentos anos. O costume do comparecimento para vender a louça bonita com passado de pai a filho como também tem passado a tradição artesanal da cerâmica.

ORIGEM DA FEIRA DE CAXIXIS
A tradição popular conta que um oleiro chamado Patrício, natural da Vila de Maragogipinho, município de Aratuipe, numa Sexta-Feira Santa subiu o rio Jaguaripe levando uma canoa cheia de objetos de barro feitos à mão para vendê-los em Nazaré. O sucesso das vendas foi tão grande que no ano seguinte ele voltou, desta vez acompanhado de vários outros oleiros. Iniciava-se, assim uma tradição que já soma mais de três séculos e é o mais antigo evento ceramista do País. Ainda hoje os produtos de cerâmica são produzidos na Vila de Maragogipinho. Originalmente comercializavam-se apenas miniaturas de louças de barro, hoje são vendidos inúmeros produtos artesanais, principalmente artigos de cerâmica. Recebe artesãos e visitantes de inúmeras partes do Brasil e até do exterior. Período: da Quinta-feira Santa ao Domingo de Páscoa. Local: Centro da Cidade e arredores. Organização: Prefeitura Municipal de Nazaré – Apoio Associação dos Oleiros dce Maragogipinho e Prefeitura Municipal de Aratuípe.

O acontecimento é um misto de feira e festa, chegando ao auge de movimentação na noite de sexta-feira Santa. Mas, desde quarta feira já se encontram alguns oleiros com seus lotes de louças em exposição,- antigamente em esteiras estendidas, - hoje em prateleiras ornamentadas pela comissão dos festejos, ocupando logo os principais pontos da praça Alexandre Bittencourt – a principal da cidade, onde se erguem fronteiros o histórico “Prédio dos Arcos” e o velho casarão do então "Hotel Colombo", ambos a poucos metros do cais e da ponte Peltier de Queiroz que atravessa o romântico Rio Jaguaripe.

Vê-se na margem oposta um imponente solar barroco – o Solar dos Sampaio -, com escada da porta central mergulhando nas águas mansas do rio. São este os elementos essenciais do cenário encantador onde a feira vai se formando, crescendo, até dominá-lo quase todo.

ORIGEM DOS CAXIXIS
Os caxixis são miniaturas da louça grande, caprichosamente trabalhadas e originariamente destinadas a uma finalidade de brinquedos. Moringas pratos, panelas, fruteiras, tigelas, frigideiras, cálices, quartinhas, etc. que segundo o folclorista, escritor e historiador nazareno Alexandre Lopes Bittencourt no seu trabalho apresentado ao I Congresso Brasileiro de Folclore, em 1951, “tudo pequeno, destinado ao enlevo e à alegria dos meninos”.

Entre todas as peças do gênero caxixi, destaca-se a tradicional criadinho mudo, sempre procurando pelas meninas para se colocado à cabeceira da cama de suas bonecas. Pelo sentido de curiosidade que desperta como por sua originalidade, o que lhe dá uma certa função decorativa, o caxixi não deixa de interessar, também, aos adultos.

Apesar da louça-de-barro em miniatura ser uma espécie de arte-popular encontrada em diversos pontos do país, foi na Bahia que mais se vulgarizou e se revestiu de tipicidade, a ponto de constituir uma manifestação específica e particularmente denominada caxixi. As suas origens, segundo alguns estudiosos, devem estar ligado à tradição oleira de Portugal.

Demonstra-nos o historiador Armando Lucena que os barros de Niza, de Estremoz e Bisalhões desde muito tempo apresentavam essas miniaturas e, de um modo geral, com as mesmas características do caxixi, como nos é possível compreender. Entre todos, dá maior relevo aos pucarinhos de Bisalhões: “Ao lado dos de Niza e de Entremoz, diferentes pelas decorações florais que possuem, têm um cantinho, à parte, os minúsculos pucarinhos de Bisalhões, nas proximidades de Vila Real, cuja especialidade é o fabrico da louça preta. São verdadeiros mimos de graça, tão pequenos e tão lindos que talvez lhes pudéssemos chamar a infância da louça de barro, porque os seus modelos extremamente diminutos reproduzem toda a escala da louça grande. Com eles se formam colares, colares de pérolas negras que os rapazes oferecem às raparigas das suas aldeias e que elas depois colocam sobre o peito”, diz o folclorista Armando Lucena. A referência nos faz pensar que essas miniaturas portuguesas sejam de formato bem menor que o do caxixi baiano, pois só assim com elas se poderia formar colares; mas fora este ponto divergente, o resto é estreitamente semelhante, inclusive na tradição de ser utilizado como presente de namorados.

Nada impede que também se suponha alguma relação entre o caxixi e as outrora chamadas “Louças de Deus”, as quais, durante os séculos XVIII e XIX foram bastante divulgadas, principalmente no Rio de Janeiro. Eram trabalhos de escravos, conforme explica Gastão Cruls no seu livro Aparência do Rio de Janeiro: " Insistindo, porém, a respeito daquele abuso tão grande de número de feriados, quem mais lucrava com isso eram os pobre escravos. Dia de santo era dia de folga. Podiam então trabalhar por conta própria, fazendo uma coisinhas, louça de barro ou copos, jarros e pichorras, recortadas no fruto da cabaceira, e que iam vender aos domingos para, conseguir uns minguados cobres. E porque assim eram feitos, nos lazeres dos dias consagrados à Igreja, esses objetos eram conhecidos por “Louça de Deus”. A possibilidade da relação não está propriamente na louça-de-barro feita pelo escravo, mas nos objetos que confeccionaram recortando o fruto da cabeceira. Geralmente eram peças de tamanho reduzido: moringuinhas, pratinhos, jarrinhas, etc. . como ainda hoje não raro encontramos pelo interior.

No intuito de podermos explicar a origem do caxixi os estudiosos não acharam mais do que essas duas fontes. Da primeira, conclui-se que essas miniaturas de louça-de-barro representam uma velha tradição na arte popular portuguesa. Pela segunda ficamos sabendo que objetos semelhantes eram confeccionados no Brasil, pelos escravos, se cortando cabaças. Se alguma hipótese havemos de levantar, preferimos o apoio da primeira. De fato parece-nos razoável considera-se o caxixi - como manifestação especifica da cerâmica popular - mais uma resultante da influência colonizadora que, como as demais, em grande parte se desfiguram, adquirindo, inclusive, denominação nativa. A PALAVRA CAXIXI

A denominação caxixi vem constituindo um problema de terminologia folclórica no campo de nossa arte-popular. A palavra tem sido mencionada com reservas de mistério e insegurança quanto a sua formação e seu uso para denominar um determinado tipo de cerâmica. Pelo que se imagina, até hoje, apenas Cecília Meireles esboçou uma tentativa de explicação para a “misteriosa palavra”, como ela mesma diz. A ilustre folclorista supõe a possibilidade do termo caxixi haver derivado de “cochicho” – aqueles apitos de barro, já usados em Portugal, que, cheios d’água, quando soprados imitam a voz do pássaro do mesmo nome de “cochichos”, daí a razão porque pondera: “E a palavra “cochicho” nos faz lembrar sem queremos fazer aqui nenhuma afirmação etimológica definitiva - o termo “caxixi – cuja explicação não encontramos – e que, na Bahia, designa miniaturas de louça, executadas em barro, utilizadas como brinquedos, para crianças e presente de namorados”. E mais adiante: “Os filólogos é que poderão dizer se ela (a palavra caxixi) pode provir de “cochicho”," cochichinho”, - o tal assovio de água – mas a verdade é que não foi enumerado pelo autor do livro O Artesanato na Bahia-Recôncavo, Carlos José da Costa Pereira, entre as peças encontradas na interessante feira”. Refere-se ao opúsculo de Alexandre Bittencourt – “A Feira de Caxixis "– já mencionado aqui. Primeiro, diga-se de passagem que assovios são muitíssimos usados na famosa feira. Não propriamente o “cochicho”, mas assovios de barro com a forma de uma chave que, na verdade, o autor esqueceu, ou não cuidou da importância de mencionar. Todavia, embora pareça estarmos favorecendo a hipótese da eminente Cecília Meireles, dela discordamos inteiramente; mesmo porque, esses assovios, no Brasil, popularmente são mais conhecidos como “curió” nomenclatura que também relaciona a um passarinho cujo canto imitam. Por outro lado a palavra caxixi tem em nossa língua uma outra significação, indicando a aguardente ordinária, de 14 a 18 graus. Porém, ainda não é com este sentido que desvendaremos o segredo de seu emprego na caso da cerâmica. Talvez quanto ao vocábulo significando miniaturas de louça-de-barro, é a de que ele seja derivado de caxixi – termo regional do Sul da Bahia, empregado para indicar logro, esperteza, ratonice e coisa semelhante. Assim, a palavra não surgiu diretamente ligada à louça e sim, à grande feira que todos os anos, durante a Semana Santa, se realiza em Nazaré para vendê-la. Uma das tradicionais atitudes populares durante a feira era justamente furtar a louça. Isto era uma diversão de praxe, característica mesmo do acontecimento. Enquanto compravam muitos procuravam confundir o vendedor, tumultuando a escolha, trocando, separando peças; aproveitam-se da confusão reinante, motivada pela aglomeração de pessoas sobre o lote de objetos, sem que o vendedor, atordoado pelo vozerio e pelo movimento, possa prestar atenção a todos. As peças são pequenas e podem com facilidade ser rapidamente colocadas no bolso, numa cesta que se traga ao braço, dentro duma peça maior (um jarro ou uma panela adquirida com esta finalidade) ou sorrateiramente passada para alguém que de propósito se conserva atrás. Ao fim de tudo, “honesta e seriamente” pagam mas pagam em geral a metade daquilo que levaram. Veja-se o que se diz sobre o fato um grande conhecedor da feira, Alexandre Lopes Bittencourt: “Como nos anos passados, do roubo de louça, praticado pelos meninos e pelos rapazes irrequietos, se originam conflitos, carreiras e arranhões. Quebram-se vasos, à vontade. Vozes veementes protestam. Cruzam-se insolências de bocas devassadas." Esta é a exceção, contudo verdadeira e não muito rara. O normal era a tapeação se conservar na maior tranqüilidade, sendo o mesmo vendedor logrado duas ou três vezes pela mesma pessoa. O tumulto, quando ocorria da oportunidade ás crianças e a molecada, roubando a louça acintosamente e fugindo aos gritos de “pega-pega”! O mesmo não acontece com aqueles que se esmeram na arte de furtar, dos quais aparecem na feira verdadeiros mestres, que ainda tornam amigos do feirante. Hoje, o costume vai-se aos poucos desaparecendo. É dessa forma praticado o ato do caxixi com todas as suas peculiaridades, expressando, com requintes, a habilidade do caxixeiro – como também chamava no Sul da Bahia, especialmente em Ilhéus e Itabuna, aqueles que iludem a outrem nas transações e negócios de dinheiro. Em sua “Onomástica Geral da Geografia Brasileira”, Bernardino de Souza nos dá a completa explicação do vocábulo caxixi, que merece ser transcrita na íntegra: “Caxixi: termo do sul da Bahia, muito correntio nos Municípios de Ilhéus e Itabuna, designativo de engano, logro e esperteza exercidos na obtenção de terrenos cacaueiros, fazendas, etc. Para aqui trasladamos, sem mudar palavra, o que a respeito nos escrever o Dr. Ruy Penalva, brilhante espírito, fazendeiro na referida zona. "Caxixi: é um roedor das nossas florestas, pequeno, forte e ágil. Um demônio de vivacidade. Se não é o esquilo, que nunca vi serão pintado, parece em extremo. Conhecem-no (e talvez já não exista ali) no Norte da Bahia, com o nome de Caetité. Aqui, chamam-lhe cotia de pau, papacôco e, mais comumente caxixi sem o intermédio do marsúpio, lembra o último estágio do murídeo em transição para o pequeno símio inferior (sagui), cuja evolução parece ter-se frustrado.Na gíria local, caxixe eqüivale a ratonice, lougro, esperteza. Um furto, um roubo não constituem caxixe. A traça do negócio tem que revestir aparências honestas, exterioridades defensáveis para merecer as honras do caxixi. Ainda quando a violência colabore no arranjo da melqueira, o disfarce ilude, ocultando-a. É a trapaça; ilude a boa fé dos incultos e joga, por vezes com a velhacaria da própria vítima. À força de ser roubado, o matuto tem o instincto jurandi é uma das melhores e freqüentes armas do caxixeiro é acenar à vítima com a possibilidade de prejudicar a outrem. Ligam-se, para logo, o caxixeiro e a vítima, transigem com a mais absoluta confiança e lá se vai roubado o trouxa que se entregará à discreção para prejudicar a interesses de terceiros. O vocábulo tem um poder de expressão pinturesca.

O caxixe escapa à mais consumada maestria do escopeteiro que o não conheça. Tenho visto alguns, abrigados em acidentes de árvores, inatingíveis. A curva de um galho bem aproveitada é uma trincheira. Outras vezes cai debaixo da mira e no momento de comprimir o atirador o gatilho, quando já não pode suspender o movimento, o vivaz diabinho ocupa posição diametricamente oposta. Contornou o tronco e escondeu-se, ou desceu, ou subiu um metro e, de cabeça voltada para nós, passou a ter a cauda voltada para baixo. Esta, muitas vezes, lhe serve de disfarce. Num galho seco, com o pelo abundante e relativamente longo, ouriçado, deitado a fio sobre o dorso, dá a impressão perfeita de uma casa pequena de maribondo, a que chamamos tatu. A figura-se-me uma intuição genial a do matuto que assim designou a esperteza! Do exposto, parece-nos perfeitamente lógica a conclusão do termo caxixi não haver sido originariamente aplicado à louça, mas à feira, como derivado por modo errado de escrever ou falar a palavra caxixi – Feira do caxixi – e, por extensão, passando a designar a espécie de cerâmica nela comerciada com prioridade.

" LOUÇA GROSSA" E "MIUÇALHA"
A louça-de-barro produzida em Maragogipinho dividi-se, no conceito dos artífices, em dois grandes grupos: “Louça Grossa” e “Miuçalha”. A “Louça Grossa” compreende as peças maiores, via-de-regra apenas brunidas ou apresentando ligeira decoração feita com tauá – arabescos com composições derivadas de espirais ou motivos florais -, podendo-se incluir neste grupo as moringas pintadas com tinta-esmalte. São os potes, porrões, talhas, resfriadeiras, moringas, cacos, cestos, vasos, bilhas, panelas, alguidares, frigideiras, caborés, etc. Estes últimos, essencialmente utensílios de cozinha, são confeccionados em barro amarelado, com ligeiro vidramento interior. Os demais compreendem a louça brunida, manufaturada em barro vermelho. As moringas obedecem a uma classificação original. As decoradas com esmalte são as de maior tamanho e denominadas “moringas de preço”(mais caras). As outras, menores, quer sejam ou não pintadas com tauá, são as moringas comuns”. A “louça grossa” é toda ela trabalhada em torno, sendo que as peças maiores (como os porrões, as talhas, as resfriadeiras e os portes) são feitas em duas partes, “soldando-se”depois uma outra com acabamento que deixa a emenda praticamente imperceptível. Também as moringas são feitas assim; primeiro bojo, depois a “boca” ) gargalo, seguindo-se a operação de juntá-los. Sobre os recursos tecnológicos dos oleiros de Maragogipinho, não há muito para aprendermos em comentários. O equipamento resume-se na “roda” – torno ampliado em bancada e não apenas o prato giratório – e um pedaço de bambu (a “cana”) servindo como ferramenta auxiliar da operação de torneagem. Para o trabalho de brunir, é tudo também muito simples. Basta um seixo (liso e roliço) e um trapo qualquer. Utilizados ao mesmo tempo pela brunideira, enquanto o seixo raspa a superfície porosa do barro, o trapo “puxa o brilho”.

No grupo da “Louça Miuçalha”, estão as quartinhas, mealheiros, tigelas e panelinhas pintadas, apitos, jarrinhas, incensadores, pequenas botijas e outras peça menores. Também aqui se incluem os famosos “caxixis” que serão objeto de estudo especial em capítulo posterior.

A "miuçalha” não é um artigo preponderante entre todos produzidos. São trabalhos de aprendizes, quer nas confecção quer na decoração. Por essas pequeninas peças é que as mulheres também se iniciam nas técnica da pintura. Valem por ser graciosas miniaturas, bastante decorativas, algumas das quais já deixando transparecer as qualidades do artista em formação. A decoração da cerâmica de Maragogipinho apresenta-se de duas maneiras: pintada com tinta-esmalte e pintada com tauá. Ao fazermos uma rápida análise destas duas espécies de pintura, verificamos que ambas nitidamente correspondem a duas influências diferentes. Dos motivos ornamentais pintados com tauá, os mais característicos são os que aparecem nos potes, nos porrões, nos alguidares e em alguns cacos- composições baseadas em arabescos espiralados que deixam quase expressa a sua origem nos motivos serpentiformes da arte indígena, aliás peculiares às tribos que habitaram os sertões baianos. Não raro também, “abrem uma rosa” ( como dizem) – motivo baseado na flor, parecendo apresentar evidente inspiração européia.. As talhas e as resfriadeiras, outrora ricamente ornamentadas com decoração em relevo, são hoje mais simples, apresentando figuras geométricas isoladas, denunciando estilização de folhas.

Porém é na pintura a tinta-esmalte que as decoradoras de Maragogipinho se esmeram em transmitir a sua arte. Sem nos referirmos às “miuçalhas”, são as moringas as peças principais deste tipo de pintura. O floral é o motivo mais freqüente, ressaltando-se a tricomia do verde, vermelho e amarelo, fazendo fundo para os traços brancos e pretos ao centro da figura. O conjunto resulta vistoso e com linhas bem equilibradas em relação ao campo em que é aplicado. Além deste, há o motivo paisagem, muito variável, mas sempre apoiado em três elementos básicos e tradicionais: a casinha, o rio e a árvore – o que demonstra a inspiração oriunda do próprio ambiente, embora a idéia seja alienígena.

Fora disto, existe uma variedade imensa de decorações, mormente na “miuçalha”, que chega até à aplicação de pequenas manchas multicoloridas sobre um fundo verde, vermelho ou amarelo. Atualmente, conforme já nos referimos, iniciaram uma fase nova com a pintura que denominam “funcional” e que pode ser conseguida com a imersão e o rolamento da peça num tabuleiro onde se misturam esmaltes de várias cores ou pelo escorrimento destes mesmos esmaltes de maneira irregular pela superfície da peça. Disto resulta um efeito cromático de aspecto marmoreado, cuja aceitação ainda é cedo para se avaliar. Embora as peças assim decoradas sejam ainda em número reduzido, denota-se uma tendência à generalização que não nos parece de todo promissora.Toda a produção do caxixi se verifica na comunidade de Maragogipinho, onde estas miniaturas pertencem ao grupo das “miuçalhas”. A confecção das “miuçalhas” é quase sempre um processo de aprendizagem, motivo pelo qual o acabamento e a delicadeza da peça irão variar na razão direta da habilidade e do adestramento que já possua o aprendiz. Também não é excepcional o caso em que possa ser considerada como atividade recreativa, exercida pelas mulheres e meninas. No conjunto dos artigos manufaturados em Maragogipinho, a “miuçalha”, englobando os caxixis, coloca-se em segundo plano na avaliação do interesse econômico – comercial, melhor dizendo - que venha a ter para as olarias. Não obstante jamais deixou de ser produzido porque sempre encontrou aceitação no mercado e vale para os oleiros como um recurso de enchimento de forno. Tem um consumo ordinariamente reduzido, pois são poucas as peças do gênero capazes de atender a uma finalidade utilitária. A grande maioria, quase totalidade, tem fins decorativos ou lúdicos, destacando-se com proeminência a caxixi propriamente dito. Fazemos uma ressalva porque atualmente generalizou-se a denominação caxixi para todas as peças que os oleiros de Maragogipinho consideram como integrantes da “miuçalha”, quando até mesmo para eles o caxixi verdadeiro é um produto dentro do grupo de peças menores que as demais, com nítidas características de miniaturas e raramente decoradas com tinta esmalte (ao contrário de miuçalha em geral), pois via-de-regra são vidradas, apresentando uma cor só. O mais comum é o caxixi amarelo, vidrado com óxido de chumbo, também havendo o caxixi esverdeado – vidrado com o sulfato de cobre, o caxixi violeta forte – vidrado com permanganato de potássio e o caxixi de tonalidade castanha – vidrado com permanganato de cálcio. Mas se há pouco dissemos que essa peças têm um consumo ordinariamente reduzido, por outro lado são alvo de uma procura espetacular durante a grande Feira de Caxixis que uma vez por ano se realiza em Nazaré. Não se vá pensar, todavia que esta feira tradicional seja exclusivamente dedicada ao caxixi. Apesar da quantidade de “miuçalhas” nela exposta, também a “louça grossa” lá se encontra exuberantemente representada; daí porque a Feira embora se popularizasse com uma designação que parece restringi-la, torna-se uma espécie de feira-de-amostras anual dos produtos cerâmicos de Maragogipinho. Assim, o caxixi e as demais “miuçalhas” aparecem como veículos de propaganda, como elementos motivadores para a compra da “louça grossa”, de comércio mais compensador.

Enfim, a conclusão lógica de tudo isto está no sentido da tipicidade da cerâmica de Maragogipinho, o qual, em termos comerciais, poderia ser classificado como "linguagem da mercadoria".

“QUARTA-FEIRA MAIOR”.
A Quarta-Feira de Semana – chamada pelos mais antigos “Quarta Feira Maior” é o primeiro dia. Ainda é pouco o movimento. Apenas aqueles visitantes mais antecipados vêm ver as novidades chegadas, procurando adquirir logo as peças originais e aproveitar para apreciar a abertura da Feira dos Caxixis. Entretanto, existem vendedores que nem abre seus fardos de esteiras e cestos com a louça embalada. Vieram unicamente com o intuito de “tomar o ponto” e ali ficam dia a noite, reversando-se com os sócios ou ajudantes – parentes em geral -, aguardando o maior afluxo de compradores.
Ao correr do dia aportam a todo instante canoas e saveiros – hoje um fase de extinção -, descarregando a louça trazida de Maragogipinho. Muita coisa vem por terra, transportada em cangalhos, no lombo dos jumentos. Novos pontos vão sendo tomados. Olhe-se a praça de cima e ver-se – a aqui e ali manchas coloridas, com predominância do vermelho, da louça já arrumada. À noite, começa a algazarra ensurdecedora dos apitos comprados pela garotada. Estes apitos, com o formato parecido ao de uma chave, dos quais os feirantes trazem sacos ou caixotes cheios para vender, são tradicionais na feira e a sua venda em larga escala resulta num atordoador fundo musical para o acontecimento. A garotada dos dias atuais já não cumprem o mesmo ritual.

“QUINTA-FEIRA MAIOR”
Na manhã de “quinta-feira Maior," mais louça vem chegando. Área bem maior já ocupada na praça. O povo a pouco começa a convergir para o local. Alguns oleiros chamam os visitantes, querendo eles mostrar as peças. Há quem já começasse a vender. As compras ainda são poucas e o pessoal vem mais para olhar, perguntar preços, enfim, para ter uma impressão geral da feira. Quem aproveita a tarde deste dia, ainda caracterizada pelo desembarque de louça e faz um passeio a Maragogipinho, durante a viagem cruza a todo instante com as embarcações que sobem o rio, carregados de cerâmica. Ao chegar ao cais do destrito, presenciam um grande corre-corre. Muita gente trazendo, embarcando, conferindo, selecionando e arrumando louça. Tudo afobados, todos apressados. A feira praticamente começou e agora qualquer atraso implicará em prejuízo. Quanto mais cedo as peças estiveram em Nazaré, será tanto maior a possibilidade de vendê-las todas. Demais, é preciso pegar ainda um bom lugar na praça, em local bem iluminado.
Há também o problema da maré que daqui a pouco entrará na vazante, tornando a viagem penosa, feita quase toda à força de varejão - grande vara que auxilia o timoneiro conduzir a embarcação - que embora os oleiros vêm trabalhando noite e dia, desde o começo de Quaresma, nas olarias e nas casas das brunideiras se presenciará a mesma labuta. Há muita louça por acabar, muito caxixi para ser pintado e peças que nem sequer foram ainda queimadas, hão de chegar à última hora. Os oleiros falam-nos da feira regozijados porque ela e a festa deles; mas não deixam de demonstrar um certo descontentamento, uma espécie de desilusão, se queixando de que tudo ainda muito difícil, o barro está caro e à medida que o preço aumenta, o tamanho das peças diminui. Não dá para quase nada. O preço do produto não permite que eles façam as obras suntuosas de antigamente. A Prefeitura de Nazaré cobra-lhes uma taxa pelo espaço que ocupam na praça durante os dias da feira, embora o Poder Público nos últimos anos venha revitalizando e apoiando os oleiros, ainda há os que perderam todo o interesse e não se fazem representar. Um outro grupo de oleiro se esforça e luta por reconquistar o encanto perdido, procurando engrandecer o espetáculo, tentando por todos os meios levantá-lo. O povo prestigia, acorrendo em massa, porém os próprios oleiros acorrendo em massa, na sua rusticidade, sentem como nós que o acontecimento vai gradativamente se desfigurando, perdendo a intensidade tradicional. O importante entretanto, é que ainda existe e, apesar de decadente há algumas décadas atrás, deixa-nos a impressão de com o apoio de novas administrações municipais de Nazaré, a feira viverá por longo tempo, com possibilidades até de ser renovar e engrandecer, desde que compreensão dos poderes públicos estimule ainda mais e oriente a disposição popular.

O PONTO ALTO DA FEIRA
Ao cair da tarde de quinta-feira, a praça já está cheia de louça e repleta de gente. A feira já começou propriamente. Moças e rapazes fazem o giro costumeiro de todos os anos. Muitas delas passeiam sobraçando moringas vistosas ou com as mãos cheias de caxixis. Ao redor dos vendedores curvam-se os grupos de pessoas comprando ou examinando a louça exposta. Já começaram os furtos jocosos. Inúmeros senhores trazem os filhos pequenos que se encantam na orgia colorida da “miuçalha” e querem comprar tudo que vêem. A zoeira dos apitos se propaga por todos os cantos. Há os que vendem muito, os que vedem pouco e os que ainda não venderam nada. Alguém reclama que a feira está fraca e houve a informação de que há mais barcos por chegar. De fato, Os últimos barcos vão chegando, ora um, ora outro, espaçadamente.
Essa é a hora boa para se “correr a feira” e, talvez, melhor dia, porque se tem oportunidade de escolher as melhores peças logo à chegada, sem o tumulto do dia seguinte. Hora melhor porque ao frescor da tarde, com a sol poente, ainda com luz natural, se pode observar bem os objetos e escolhe-los com segurança. Aproximado-se o horário do jantar, a movimentação resguarda a energia para novamente intensificar-se à noite. Noutras épocas à noite, apesar do movimento maior, não é tanta a beleza do espetáculo, pois o colorido da cerâmica perde o efeito sob a luz elétrica incipiente. Bruxuleiam os fifós, mal iluminando os artigos daqueles que se localizaram mais distantes dos postes. O ambiente agora mais favorece ao furto costumeiro do caxixi e, caindo aos poucos, a agitação da feira segue noite a dentro. Nos dias de hoje tudo é mais iluminado!

SEXTA FEIRA SANTA
A sexta-feira Santa é o último e grande dia. Não tem muita diferença dos demais, a não ser pelo movimento que atinge o auge, começando pela manhã e terminando alta madrugada. As solenidades sacras da “Procissão do Senhor Morto” atrai gente de todas as localidades vizinhas - principalmente na atualidade, quando um grupo de teatro composto de mais de vinte jovens representam a "Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo". O pessoal de Maragogipinho acorre a Nazaré, integrado-se no comércio da cerâmica. À tardinha, muitos feirantes já venderam quase todo o estoque, enquanto outras se lastimam por estar a louça “saindo mal” e, por falta de quem lhes ajudem, vivem sendo muito roubados. A essa altura, já chegou a canoa Estrela do Mar trazendo mais louças para a feira - está exposta à beira do rio; cuias, jarras, bonecas, cavalos e bois esmaltados que logo se esgotam pela grande procura. Compra-se muito e todos os vendedores querem acabar com a mercadoria para não levá-la de volta. Baixam os preços. As moringas baixam de preço. O caxixi de um real cai para cinquenta centavos. Trava-se a luta da concorrência e ecoam os pregões. Repentinamente a feira parece que se interrompe. O povo quase todo deixa a praça e o silêncio se faz. São seis horas; dobram os sinos da Matriz anunciando a saída da “Procissão do Enterro”. Depois o “Beija Pés”, e só lá pelas oito horas a multidão retorna. Ai, então, a feira vira festa que não tem hora para terminar, indo ao raiar do dia. Pode-se dizer que toda a cidade converge para a praça e ali, amaranhando-se em um vai-e-vem incessante por entre a louça espalhada no chão, - hoje caprichosamente expostas e prateleiras -, uns compram, outros furtam, outros apreciam...entre risos, piadas, conversas e tantas outras mais demonstrações de alegria festeira de povo reunido. Lembra-nos o dístico de “Largatixa”, a poetisa popular de Nazaré que deu graça a muitas feiras com a sua presença, como no faz lembrar o nosso folclorista e escritor Dr. Alexandre Lopes Bittencourt: “Que de povo, chi! pra comprar caxixi”.

disponível em: http://www.victoriareghia.com.br/?ID=6 acesso em 14 de março de 2014

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Volta às aulas 2014

Volta às aulas com criatividade e motivação

Os alunos da Escola Municipal Nair de Almeida Brito participaram da abertura do ano letivo com uma bela programação que contou com a participação de alguns pais e todo corpo docente e de funcionários. Foi feita uma oração, execução do Hino Nacional e e uma música muito animada que trouxe uma reflexão sobre o amor e a importância de se estar junto.
A diretora, professora Antonia Marta fez a abertura do ano letivo e convidou a professora Adelice para orar com a comunidade escolar em agradecimento a Deus pelo início da nova jornada.



















As Escolas Reunidas Senhor do Bonfim e Municipalizada Dr. Alexandre Bittencourt se uniram e promoveram a abertura do ano letivo na Igreja Comunidade Trazendo a Arca. Contou com a participação dos alunos, professores e convidados. As reflexões foram inspiradoras e motivaram os alunos a respeitarem os professores e preservarem o ambiente escolar.













Na Escola Professora Elza Alves Silva a abertura do ano letivo contou com a participação da coordenadora da Educação Infantil e do PACTO, professora Elenice Ribeiro, de representantes da Pastoral da Criança, pais e demais membros da comunidade escolar. As palestras mostraram a importância de viver em união e do respeito ao próximo.